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press release

Odio Insania, exposição de gravuras, desenhos, pinturas e fotografias de Márcio Pannunzio tem como tema o crescimento do rancor na sociedade. O título em latim significa insanidade do ódio. Trabalhos de linguagens diferentes se juntam para criar um mosaico onde o expectador é convidado a refletir sobre esse sentimento possante e conflituoso.

Pannunzio reside em Ilhabela desde 1989 e participou de 131 salões de arte. Recebeu 12 prêmios internacionais e 33 nacionais. Fez 35 individuais. Participa com regularidade do Salão Waldemar Belisário, tradicional em Ilhabela, colecionando premiações; no ano passado foi premiado como desenhista e fotógrafo.

Odio Insania acontece no Centro Cultural da Vila, na rua da Padroeira, 140, em Ilhabela, SP. Em cartaz até o dia 4 de março. De segunda-feira a quinta-feira, das 9h às 20h; de sexta-feira a domingo, das 9h às 21h.

apresentação

Insanidade do ódio. Ódio. Sentimento antípoda do amor que, sendo primordial, inspirou nomear o título da exposição usando o latim, essa língua primeva que educou o ocidente. Poderíamos para ele elencar atributos negativos, nocivos, pestilentos, repulsivos, nojentos, pavorosos, repugnantes ... odiosos a ponto de ficarmos irados ao o experimentar, nele pensando, uma palavra tão curta e extremamente potente. Insanidade é um daqueles que chegam ligeiros, crescem, gritam e obscurecem a luz dos demais tantos. O ódio é insano; é demente; é louco. Esforço gigantesco gastamos para sermos racionais e no exercício da razão construímos sociedades que sonharam e tentaram ser justas, amorosas, felizes. Houve fracassos nesse caminho que não eliminaram o desejo de sonhar e tentar. Hoje construímos, mais do que nunca, objetos de status que nos diferenciam e nos escravizam; desde mansões em prédios altíssimos ou condomínios fechados em cidades esclerosadas, passando por trambolhos automotivos, quinquilharias tecnológicas caríssimas, roupas e acessórios de grife. Demandam enorme energia para serem feitos e a sua proliferação exagerada exaure o planeta e coloca em risco a nossa sobrevivência. Alienados, cultuamos o consumo obsessivo e fútil; lunáticos, buscamos com sofreguidão nos destacar socialmente; narcisistas, celebramos uma existência medíocre nos fotografando e filmando para os outros o tempo inteiro, incansavelmente. Oramos e nos apartamos em templos que se reproduzem exponencialmente pregando a intolerância e o rancor; digitais e físicos, eles se espraiam vorazes e velozes ocupando todos os lugares.              

Depois da pandemia, quando o mundo parou, teria sido o momento de repensarmos nossos valores, caminharmos sem tamanha afobação, respeitarmos o meio ambiente, exercitarmos a solidariedade, promovermos a inclusão e a igualdade.

Mas não. Valores iluministas duramente conquistados tem sido atropelados conduzindo o mundo a um retrocesso civilizatório.

O que é aqui exposto respira e penetra na epiderme desse momento distópico e, ao fazê-lo, se horrorifica. Pinturas, gravuras, desenhos e fotografias constroem através dessas linguagens diferentes, um mosaico assombroso que nos conta em sua fealdade que o ódio é sim insano e, pior,  é desalmado.

Márcio Pannunzio

31 de janeiro de 2025

 

 

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